Com o intuito de destacar o papel do dirigente no Desporto e na nossa região, a AFCB foi ao encontro do responsável diretivo. Nesta segunda parte da conversa, Aníbal Antunes explica que “não quer deixar cair o Clube no vazio” e quer “manter tudo vivo” até pela questão social na aldeia.
AFCB: O GD Águias Moradal, apesar de estar num distrito e concelho com pouca densidade populacional, é sempre competitivo e luta pelos lugares cimeiros do Campeonato Distrital. Qual é o método de trabalho?
AA: O essencial é mantermos a mística desde a fundação. Ainda temos Diretores que jogaram no Clube nos anos 80 e passamos um pouco a mística do Clube, que é ganhar. Depois se ficamos em 1º ou em 2º lugar, já não é tão importante. Tentamos captar pessoas que venham ajudar-nos e que gostem de nos representar, mesmo que seja só uma época. E acredito que, se fizerem cá uma boa temporada, terão mais portas abertas no mundo do Futebol. Queremos sempre uma equipa humilde, trabalhadora e disciplinada. O resto, mais tarde, logo se vê. Se ganhamos ou não, se subimos ou não. Isso não é o fundamental, até porque participar num Campeonato de Portugal já exige muitos requisitos.
AFCB: Que caraterísticas procura nos treinadores? E nos jogadores?
AA: Na questão dos treinadores, não sou muito apologista das mudanças. Quando contrato um técnico, a única coisa que lhe peço é que dê continuidade ao GD Águias do Moradal. Já tivemos cá treinadores que foram campeões na primeira época, foram ao Nacional e acabaram por sair. É a lei do Futebol. Não mudava de treinador para tentar manter no Nacional. Só tomávamos essa decisão quando percebíamos que as coisas estavam extremadas. E isso não está relacionado com resultados. A única coisa que peço é continuidade. Não há nenhum treinador com quem me dê mal e todos colaboraram para que este Clube ainda esteja de pé.
AFCB: Qual o treinador mais marcante da sua presidência?
AA: Gostei de todos os treinadores que passaram e preferia não referir nomes para não ferir suscetibilidades, mas toda a gente me vai perdoar, pela persistência, pela ajuda e pela colaboração, terei de dizer António Belo.
AFCB: Como é que se mantém, atualmente, um Clube estável financeiramente?
AA: A gestão é um pouco tentar empurrar de um lado e do outro, pedindo, cada vez mais, a colaboração dos sócios. Tentamos, todas as épocas, novos patrocínios e o restante advém dos apoios da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia e dos patrocinadores que já temos.
AFCB: Que tipo de Presidente é o Aníbal Antunes? É próximo da equipa e dos jogadores?
AA: Por força das circunstâncias, o Presidente Aníbal tem duas vertentes. Nos primeiros anos, quando temos sangue na guelra, não havia ninguém que chegasse primeiro que o Presidente – fossem jogadores, treinadores ou diretores. Nos últimos tempos, isso não tem sido possível, fruto da atividade profissional. Continuo a acompanhar, mas gostava de ser muito mais presente. Ainda assim, está sempre alguém com a mesma missão. O Clube continua a ser bem gerido e os jogadores sentem o nosso apoio.
AFCB: Há tantos anos no mundo do Futebol, seguramente já teve vários episódios e histórias marcantes. Quer partilhar alguma connosco?
AA: Tenho várias, mas já nem me recordo de todas. Não choro pelo GD Águias do Moradal, nem de alegria, nem de tristeza. Chorei, quando em 2013, perdi um filho e os jogadores fizeram uma linda homenagem. Tenho comigo o equipamento que me ofereceram e fiquei muito sensibilizado pelo momento e por uma tomada de decisão da Assembleia-Geral do Clube, em que decidiu deixar de utilizar o número 12. Isso não esqueço. Foi e será pelo meu filho que irei continuar, porque também gostava do Clube e, mesmo doente, sempre me deu força e disse para nunca desistir.
Entrevista/Foto: AF Castelo Branco